No início deste ano, passei seis semanas morando em Paris, e um dos presentes que me deu foi o seguinte: redescobri a alegria da correspondência. As mensagens de texto e telefonemas eram muito caras, e a diferença de horário significava que o G-chat estava praticamente fora do ar; assim, pela primeira vez em anos, escrevi cartas.
Ok, então não eram cartas reais - do tipo carimbado -, mas sentei-me, levei tempo e criei e-mails com mais de algumas frases e não incluíam links para vídeos de gatos. Eu não escrevia para ninguém assim há muito tempo, desde que minha avó morreu, e fiquei surpresa com o quanto eu a amava.
Adorei receber e-mails longos, é claro - neles ouvi as vozes de amigos distantes e me senti menos sozinho. Mas o que me surpreendeu foi o quanto eu adorava escrevê-las. Eu me vi ansioso por uma noite passada escrevendo cartas quase tanto quanto uma noite fora. Parecia conhecer-me. Gostaria de contar a alguém o que fiz naquele dia e pensar o que fiz hoje? Forçado a me dar conta dessa maneira lenta e ponderada, comecei a desvendar pequenos mistérios. Eu queria contar às pessoas por que vim a Paris e o que havia aprendido lá e, escrevendo para outras pessoas sobre essas coisas, comecei a entendê-las.
Percebi que escrever cartas é realmente diferente de qualquer outra maneira que temos de nos comunicar. É um pouco como contar uma história, outra arte perdida. Ao escrever uma carta, você está estruturando e recontando suas próprias histórias para o correspondente e para si mesmo, como faria em uma conversa, mas de maneira lenta e ponderada. É a lentidão, eu acho, que a torna bonita - você tem tempo para se afastar das coisas, moldar suas memórias, encontrar significado onde não havia antes. Você tem tempo para procurar as perguntas certas para apresentar histórias de outras pessoas - para procurar perguntas que se aprofundem profundamente, que as farão sentir-se conhecidas e compreendidas.
É mais trabalho, é claro, do que enviar uma mensagem de texto ou um bate-papo rápido. Escrever cartas requer uma concentração e uma intensidade que outras formas de comunicação não exigem. Mas vale a pena, eu acho. Experimente - escreva uma carta para sua mãe, para seu amante ou para seu melhor amigo. Você nunca sabe o que pode descobrir.